Ceprol - Sindicato

Por: Ceprol

BOA AVALIAÇÃO DO SINDICATO E MANIFESTAÇÕES DE MEDO E DE ESPERANÇA DÃO A TÔNICA DA PESQUISA DO CEPROL COM A CATEGORIA EM SÃO LEOPOLDO

Entre os dias 11 e 15 de novembro, a direção do Ceprol Sindicato encaminhou, via listas de transmissão do Whatsapp para todas e todos os filiados, o link de um formulário on-line com 10 perguntas objetivas obrigatórias e uma pergunta dissertativa de resposta opcional. Dos 1.420 filiados e filiados, 285 profissionais da Educação municipal de São Leopoldo responderam as questões objetivas, ou seja, 20,07% da categoria. A questão dissertativa, que era opcional, foi respondida por 127 professoras e professores, ou seja, por 8,94% do total de filiados e filiadas. O CEPROL decidiu fazer uma pesquisa anônima, sem que se pudesse identificar o autor das respostas – o que garantiu, na opinião da diretoria do sindicato – a tranquilidade necessária para que a categoria se manifestasse sem nenhum receio de exposição ou futuras retaliações de qualquer natureza.

Nenhuma outra pesquisa de opinião, mesmo as de melhor metodologia dos grandes institutos que fazem medições durante períodos de campanha eleitoral, por exemplo, alcança tamanha fidelidade. De acordo com o auditor-fiscal Dão Real Pereira dos Santos, ex-presidente e atual diretor do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, a quem pedimos uma análise técnica do levantamento, “trata-se de uma pesquisa altamente qualificada com uma amostragem realmente bastante expressiva do universo total”. Dão Real, que também é membro do Instituto Justiça Fiscal, aponta ainda que a pesquisa tem uma “qualidade extremamente útil para a gestão sindical, porque ela traça um perfil muito claro e muito preciso da categoria”.

“Me chamou a atenção na pesquisa o alto grau de conhecimento da categoria em relação às ações do sindicato. Isso não é muito comum nos sindicatos de forma geral. As pessoas acabam muitas vezes não acompanhando tudo o que o sindicato vem fazendo. Outro ponto que me chamou bastante atenção é o que mostra as principais preocupações da categoria e coloca a questão previdenciária, das aposentadorias, em primeiro lugar, antes mesmo das questões salariais”, destaca Dão. Segundo ele, isso demonstra que a categoria está consciente dos riscos que corre em relação a alterações na legislação sobre a previdência dos servidores, especialmente sobre a previdência dos professores e professoras.

Por fim, Dão analisa que as preocupações que a pesquisa revela são extremamente importantes não apenas para o sindicato orientar as suas ações, como também para a própria Administração Pública e a Secretaria Municipal de Educação. “Ou seja, é uma pesquisa que serve tanto para as lutas sindicais quanto para a gestão do ensino no município. Então, de muitas formas, a pesquisa orienta melhor o sindicato, mas pode servir sim como um contraponto para o gestor, para o secretário, para o prefeito organizar o ensino, tentando minimizar os riscos, tentando minimizar as preocupações e as incertezas demonstradas pela categoria”, conclui.

ERRATA: Na revista CEPROL EM AÇÃO Nº 3 de dezembro de 2024, que será lançada na noite desta sexta-feira, 13 de dezembro, na Festa CEPROL HOUR MISTÉRIOS, no Sociedade Recreativa Ipiranga, em São Leopoldo, há um pequeno erro num dos gráficos da PESQUISA. Na primeira “pizza” aparece duas vezes a palavra “supervisor(a)”. Na segunda que aparece, leia-se *diretor(a)”.

[Por Henri Figueiredo/Especial para o CEPROL Sindicato]

A ANÁLISE DA DIREÇÃO DO SINDICATO

Para a direção do CEPROL Sindicato fez uma profunda análise das 127 respostas dissertativas para questão optativa: “Cite três aspectos (positivos ou negativos) que, na sua opinião, marcarão a próxima gestão do governo municipal em relação à educação”. As respostas apresentadas pelos docentes refletem uma mistura de preocupações, expectativas e sentimentos de incerteza em relação à próxima gestão municipal na área da educação. Abaixo, os principais aspectos estão organizados em categorias, com contagem aproximada de menções para cada tema:

1. Aspectos negativos destacados

Os participantes demonstraram grande preocupação com possíveis retrocessos e prejuízos à categoria.

1.1 Retirada de direitos (23 menções) – Temores sobre mudanças no plano de carreira, como a retirada de benefícios conquistados ao longo dos anos. Insegurança em relação à Previdência e aposentadoria. Possibilidade de perda do 14º salário e outros direitos adquiridos.

1.2 Desvalorização profissional (19 menções) – Preocupação com arrocho salarial, ausência de reajustes ou valores abaixo da inflação. Falta de reconhecimento à importância da categoria e do trabalho docente. Denúncias de condições precárias de trabalho, como falta de estrutura e suporte.

1.3 Autoritarismo e falta de diálogo (16 menções) – Críticas à possibilidade de uma gestão centralizadora e pouco democrática. Temores de ausência de diálogo entre a gestão, o sindicato e a categoria. Percepção de falta de abertura para ouvir as demandas dos professores.

1.4 Retrocesso e precarização (22 menções) – Risco de desmonte de programas educacionais existentes e redução de investimentos. Temores de privatização, terceirização e outras formas de enfraquecimento da educação pública. Possibilidade de descontinuidade de ações bem-sucedidas da gestão anterior.

1.5 Assédio moral e pressão (11 menções) – Críticas ao uso da Ouvidoria como instrumento de perseguição, com relatos de famílias usando o sistema para pressionar professores. Medo de perseguições e intimidações dentro das escolas, tanto pela gestão quanto por apoiadores do novo governo.

2. Aspectos positivos esperados

Embora em menor número, algumas respostas apontaram expectativas de mudanças benéficas.

2.1 Mudanças na equipe (7 menções) – A troca de gestores foi mencionada como uma oportunidade para corrigir erros e trazer inovação. Alguns enxergam o novo governo como uma chance de "novos ares" para a educação.

2.2 Esperança de diálogo (9 menções) – Desejo de que haja maior abertura para negociações com o sindicato e a categoria. Expectativa de que a gestão promova uma parceria construtiva com os professores.

2.3 Investimentos pontuais (6 menções) - Esperança de construção de novas escolas e ampliação do turno integral. Expectativa por mais transparência nas ações e maior foco em resultados.

3. Sentimentos predominantes

3.1 Incerteza e apreensão (28 menções) – Muitos professores preferiram não opinar, destacando que ainda é cedo para avaliar a nova gestão. Relatos de insegurança devido à falta de conhecimento sobre as propostas ou planos para a educação.

3.2 Desconfiança (17 menções) – A associação do governo municipal a políticas de direita gerou temores de cortes, precarização e autoritarismo. Ceticismo sobre a continuidade de projetos e ações bem-sucedidas da gestão anterior.

3.3 Desejo de continuidade (8 menções) – Apelos para que sejam mantidas as conquistas obtidas nas gestões anteriores, como programas educacionais e condições favoráveis à categoria. Muitos destacaram que o governo deve evitar desmantelar ações existentes apenas por questões políticas e ideológicas.

4. Temas recorrentes sugeridos ao sindicato

A) Defesa de direitos históricos: priorizar a luta contra possíveis ataques ao plano de carreira, aposentadoria e outros direitos. B) Valorização salarial: luta por reajustes condizentes com a inflação e a recuperação da defasagem salarial da categoria. C) Condições de trabalho: cobrar melhorias na infraestrutura escolar e no suporte para os professores. D) Combate ao autoritarismo: monitorar a nova gestão municipal para garantir a preservação da democracia e da liberdade pedagógica. E) Atuação sindical ativa: muitos expressaram a expectativa de que o CEPROL se mantenha firme na defesa da categoria.

5. Conclusão

A categoria demonstra predominância de preocupações e receios, com foco na necessidade de manutenção de direitos adquiridos, valorização profissional e condições dignas de trabalho. Por outro lado, alguns veem a mudança de gestão como uma oportunidade de renovação, desde que os gestores estejam abertos ao diálogo e dispostos a construir parcerias.A atuação do sindicato será crucial para proteger as conquistas da categoria e garantir que a educação pública continue avançando.