Por: Comunicação Confetam

Teve início nesta quarta-feira (9), em Beberibe (CE), o 4º Congresso da CONFETAM – Jocelio Drummond, com a realização do I Seminário Nacional “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa: Um Debate Necessário”. O evento reuniu centenas de dirigentes sindicais e servidores(as) públicos(as) de todas as regiões do Brasil, comprometidos com a defesa das políticas públicas e dos direitos dos(as) trabalhadores(as) municipais.

O seminário marcou a abertura oficial do Congresso e sinalizou a centralidade das discussões sobre justiça climática no contexto atual. Em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em novembro de 2025, a Confetam destacou a necessidade de refletir sobre os impactos das mudanças ambientais, das novas tecnologias e da inteligência artificial no mundo do trabalho.

Entre os convidados especiais que enriqueceram o debate, esteve João Cayres, secretário sub-regional da Internacional de Serviços Públicos (ISP) no Brasil. Em sua fala, Cayres abordou a importância da articulação sindical internacional na luta por justiça climática, destacando o papel das organizações de trabalhadores na construção de uma transição justa e solidária.

Cayres propôs uma reflexão crítica sobre os hábitos de consumo e seus impactos globais, destacando que a transição ecológica precisa ir além da troca de tecnologias — deve questionar o modelo de desenvolvimento vigente. Ele alertou que nem toda solução “verde” é, de fato, justa ou sustentável, citando como exemplo o uso do cobalto em baterias de carros elétricos e aparelhos eletrônicos, cuja extração, muitas vezes, envolve o trabalho infantil em minas no Congo.

Ele também chamou atenção para a forma como arquitetamos nossas cidades, estradas e residências, que intensificam o uso de energia e aprofundam desigualdades. Para ele, enfrentar a crise climática exige mais do que inovação tecnológica — exige mudar padrões de consumo e rever escolhas cotidianas, pensando em soluções que respeitem o planeta e a dignidade humana. "A gente precisa repensar o modelo de consumo como um todo. Precisamos mudar não só as fontes de energia, mas a lógica que estrutura nossas cidades, nossas casas e nossos hábitos", destacou.

Outro convidado foi o deputado estadual Renato Roseno (PSOL/CE), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Ceará. Roseno trouxe reflexões sobre a necessidade de inserir a transição climática na agenda pública com base nos direitos humanos e na cidadania, alertando para os riscos sociais da crise ambiental se ela não for enfrentada com justiça e equidade.

O deputado estadual Renato Roseno destacou que não é possível pensar os municípios hoje sem considerar a emergência climática e seus profundos impactos territoriais, sociais e ambientais. Segundo ele, a transição ecológica precisa levar em conta os empregos em risco nos setores fósseis e nas indústrias pesadas, mas também enxergar as oportunidades em energias renováveis e serviços ambientais, desde que acompanhadas de políticas públicas que garantam requalificação profissional e justiça social. Roseno alertou que “nem toda energia renovável é, de fato, limpa” e que grandes projetos podem ameaçar comunidades tradicionais, gerando o que chamou de zonas sacrificiais. 

Roseno defendeu que a classe trabalhadora deve dominar as novas tecnologias, mas que isso só será possível com qualificação e inclusão ativa nas decisões da transição justa. Ao tratar do que chamou de metabolismo do capital, o parlamentar afirmou que o desastre climático também é marcado pelo racismo, e criticou as desigualdades estruturais que definem quem mais sofre com os efeitos da crise ambiental: “Dizem que estamos todos no mesmo barco, mas tem gente de iate e tem gente de jangada. O nome disso é racismo ambiental”, concluiu.

A mesa de abertura foi coordenada por Célio Vieira de Sousa, secretário de Comunicação da Confetam, e Wésia Nogueira de Sena, secretária de Formação da entidade. Ambos reforçaram que o seminário tem como objetivo fortalecer a ação política dos sindicatos frente aos desafios contemporâneos, promovendo a construção de um serviço público sustentável, inclusivo e comprometido com a justiça social.

Criado em: 11/04/2025 11:05


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